São como um cristal,as palavras. Algumas,um punhal

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Vila Real de Santo António no Wordpress

No âmbito da disciplina Sistemas de gestão documental estou a desenvolver um site sobre a cidade onde cresci.

Aqui fica o link: http://vilarealdesantoantonio.wordpress.com/

domingo, 14 de fevereiro de 2010


"Façam o favor de ser felizes"

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Um anjo...


Vagueava pela cidade, e caía sobre mim a chuva, sentia o meu corpo ser consumido pelo frio, mas não me importava, já nada importava, continuei andando sozinha, sem ninguém do meu lado. Cheguei a um sítio onde nunca tinha estado, mas tive uma espécie de deja vu, parecia que conhecia aquele sítio. Era um jardim, um pequeno jardim. Admirei a sua beleza, era tão bonito pelo menos aos meus olhos…No meio da relva vi algo que brilhava e destacava-se no meio do verde, era algo branco.
Abracei a mim mesma para aguentar o frio e o vento, chegando perto vi que eram umas asas, umas longas asas brancas. Olhando para o lado, vi um anjo caído na relva, tinha apenas umas calças vestidas, e estava descalço, deitado sobre a relva de barriga para baixo. A sua pele era branca como a neve, e macia. Virei-o para cima para poder ver o seu rosto, era lindíssimo, nunca tinha visto até então um rosto tão bonito e perfeito como o seu. Os seus olhos eram claros, com uma cor indefinida, no entanto num rosto tão perfeito, eu conseguia ver um grande sofrimento, uma grande dor. Perguntei a mim mesma quem teria arrancado as suas asas, quem seria tão cruel ao ponto de tal brutalidade.
Abracei-o na esperança de consolar a sua dor, mas a pele dele queimava a minha, magoava-me, senti vontade de gritar de dor. Não gritei, aguentei…Ele meteu a sua cabeça sobre o meu ombro, e chorou. Ouvi uma lágrima cair lentamente sobre o meu ombro. As suas lágrimas não eram doces nem amargas, eram ácidas, e queimaram o meu ombro. E continuei aguentado a dor. O seu coração batia junto ao meu, e a sua dor atravessou o meu como um punhal, e consegui sentir a sua dor como se fosse agora a minha dor também… Ele sussurrou ao meu ouvido que estava a morrer… Desejei curar as suas feridas, arrancar dele a sua angústia. Mas ele morreu nos meus braços, a sua cabeça caiu sobre as minhas mãos, tocando eu assim nos seus cabelos que pareciam fios de ouro, os seus lindos olhos de cor indefinida estavam agora fechados, para sempre…
Levantei-me, olhei mais uma vez para ele…Abandonando o corpo do anjo naquele bonito jardim, continuando assim a vaguear sem rumo á chuva.



Abril, 2008

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Love Hurts



Estava uma noite de lua cheia. O gato olhava pela janela e miava, como se adivinhasse e até soubesse o que estaria para acontecer.Ele pegou na mão dela, esta era pequena, sua pele muito branca e macia, enquanto que a mão dele era grande, sua pele áspera e escura.Olhou-a nos olhos, e começaram a dançar. Seus olhos eram doces, cor de mel, enquanto que os dele eram escuros como carvão. Não desviaram os olhos, um do outro e continuaram bailando. Bailaram ao som de uma melodia que começou por ser doce, mas depressa amargou. O ritmo começou por ser lento, mas depressa, apressou.Ele parou diante dela, e mais uma vez pegou na sua mão, desta vez não foi para dançar, estava cansado de dançar. Pegou na sua mão para a deitar sobre a sua cama. O quarto era pouco iluminado, e a única luz que entrava, era o luar daquela noite de lua cheia.Deitou-a, e beijou-a. E o gato miou ainda mais, num miar aflitivo. Ele sabia o que o seu dono faria àquela doce rapariga.Ele enquanto a beijava, agarrou no seu pescoço, ela olhou-o com um olhar amoroso pensando tratar-se apenas de uma manifestação de amor, engano o seu, ou talvez realmente fosse amor, mas um amor doentio que esta não desejava. Ele sorriu, e agarrou cada vez com mais força o seu pescoço, ela tentou lutar pela sua vida tentando respirar, mas ele tinha mais força, ela aos poucos desvaneceu-se, morrendo.O seu corpo ficou sobre a cama, e ele continuou saboreando o corpo dela, começou por passar os seus dedos pelos seus cabelos, que pareciam fios de ouro, pois estes eram loiros e encaracolados. Cansou-se, e sentou-a numa cadeira, completamente despida. Penteou-a, até os seus cabelos ficarem desembaraçados, e maquilhou-a. Começou por pintar os seus lábios carnudos, num tom vermelho vivo, passando directamente para os olhos, colocando um tom escuro. Quanto ao resto da cara, pintou-a de branco, para parecer uma boneca de porcelana, daquelas que ele tinha na estante e que gostava de coleccionar.Sentou-se numa cadeira em frente da cadeira onde ela estava sentada, e tocou violino, uma doce melodia para dedicar àquela rapariga que ele amava. Ao acabar de tocar, sussurrou ao seu ouvido:- Serás minha para sempre…

Julho de 2008, 2:57:15

A Poesia


A poesia não é somente rimas e metáforas,
Palavras conjugadas de modo a serem belas.
A poesia é uma terapia, onde o sujeito poético coloca a sua alma, despida.
Para todos que a contemplam possam observar.

Coloca a sua alma desnuda como modo de mostrar o seu eu.
Pode não ser o seu verdadeiro eu, porque poeta escreve sem saber
E sabe sem escrever.
O poeta sente o que não sente, vê o que não vê.
Onde a realidade assume formas e pontuações.
Nem sempre visíveis aos olhos daqueles que o poeta considera cegos.

O poeta eterniza seus sentimentos e emoções através de palavras, por vezes conjugadas ao acaso, dizem eles!

sábado, 8 de agosto de 2009

A carta que a Ti escrevo


Quando te conheci, desejei não te ter conhecido.
Ao conhecer-te, desejei conhecer-te.
Ao aproximar-me, precisei afastar-me, sem o conseguir.
Não soube dizer que não.

E tu segredaste ao meu ouvido cada melodia composta por ti.
Cada noite tinha a luz do luar, e o sol ao fechar a porta.
A porta que me atraía, e que dela saias tu, sempre belo e tristemente melancólico.
Melancólico como o Outono.
Estação que trouxe consigo o que mais desejei.
O que sempre precisei, o teu amor.

Pensei, que nunca fosses precisar de mim, como eu precisava de ti.
E desprezava-te, por sentir que o meu coração já não conseguia viver só.
Este ansiava por viver, no sentido literal da palavra e do verbo sentir.

Sentir algo que não fosse a solidão de ser só.
Apenas um, sozinho.
Este precisava de bater, de sentir o sangue correr.

Numa noite, fui ao teu encontro.
Tendo a lua sobre mim, e teu doce beijo senti.
Meu coração alegrou-se de não ser mais só
E entristeceu-se de correr o risco de despedaçar-se.

Teu coração uniu-se ao meu, e nunca mais foram sós.
Já não vivem na tristeza de ser apenas um, sozinho.

O Inverno trouxe consigo a chuva.
A doce sensação de sentir a chuva contigo.
De não mais sentir frio, porque meu corpo deixou de ser gélido.
Dentro dele arde o amor que não quis aceitar.
O amor que se apoderou de todo o meu ser.

A Primavera uniu o que havia ainda por unir.
Criou uma ligação mais forte entre nós.
Trouxe consigo a confirmação, do sempre.
Que o Sempre é possível contigo do meu lado.

Que contigo posso ter a vida que secretamente desejei
A vida que sempre ocultei por pensar que não realizar-se-ia.
Contigo, sei que o sonho é possível.
Que o verbo amar é real…

O Verão, trouxe o calor.
O Inferno de não te ter.
O Inferno de esperar…

Espero pelo Outono.
Para em teus braços dormir, e em teus braços ficar.

A minha gaveta

Palavras…
Essas, as escondi, numa gaveta.
E só eu tenho a chave dessa gaveta.
Nessa mesma gaveta guardo recordações.
E ainda emoções.
Emoções que não soube expressar no momento certo.
Recordações de um passado que já foi, que não volta.
Um passado abstracto que não tenho a certeza que existiu.

Esse talvez não tenha existido, porque sou eu que o criei, e a única que se lembra dele.
Nessa mesma gaveta, guardo o sofrimento.
Guardo ilusões…
Essas ilusões que foram uma amiga enquanto existiram.
Nas ilusões, estão guardadas a verdade que não quis ver.
Mas que vi.
Ao ver a verdade, ficou guardada na verdade uma lágrima,
Essa lágrima contém um pequeno sofrimento de saber que algo não existiu.

Na minha gaveta guardo recordações de pessoas.
Fotografias de rostos que mirei, admirei, apreciei.
Esses rostos são diferentes entre si, uns belos e jovens.
Outros velhos e enrugados pelo tempo.
Outros que a morte ceifou.
Outros que a saudade deixou.
Outros que já não existem, que o desgaste do tempo levou
Ou modificou…

Nessa mesma gaveta guardo uma infância que não vivi.
Que não me recordo, que os pensamentos levaram para um recanto do meu cérebro.
Uma infância, não dita.
Uma infância que cedo perdi
Uma infância que não esqueci
Uma infância roubada…

Nessa mesma gaveta guardo um eu, que desprezei
Um eu que lutou por mudar
Uma mudança que mudou tudo o resto.

Nessa mesma gaveta guardo os meus vícios, os meus segredos.
Vícios, que abandonei, outros que não consegui repudiar
Segredos que envergonham
Segredos que não são ditos, soltos ao ar para todos ouvirem
Segredos escondidos.

Na minha gaveta guardo quem sou.
Quem fui.
E talvez o que hei-de ser, e não sei…