São como um cristal,as palavras. Algumas,um punhal

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Odiar

ódio é um sentimento bastante mau e mesquinho até.
É corrosivo, destruidor, e queima.
Tenho vivido com ele á bastante tempo.
Tenho vivido com a sede de vingança.
Vingar-me de quem me tirou o que era mais precioso na minha vida.
Mataram quem mais eu amava.
E mataram parte de mim. Levaram a minha inocência, a minha pureza.
Instalou-se uma revolta enorme dentro de mim, e senti-me impotente por nada ter feito, mas que poderia eu ter feito?
Odeio-a com tudo o que restou do meu ser.
E é a única pessoa que odeio, no entanto sinto pena e compaixão pelo traste e miserável ser humano que ela revelou ser. Poderia eu chamar-lhe ser humano? Ou será mais um monstro ganancioso e maldoso?
Partilhamos do mesmo sangue, e preferia eu arrancar de mim esta parte genética, que me enoja. Poderei eu dizer que pertencemos á mesma família, poderei eu chamar a ela família se roubou de mim tudo aquilo que me segurava, que representava um pilar na minha vida?

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009


Naquele momento percebi mais do que queria saber.
No teu olhar, vi o que não queria ver.
O que eu queria recusar ver.
Vi que conseguias ver-me.
Perturbou-me tal ideia.
Quis fugir, fugir mais uma vez.
Quis abandonar, tudo aquilo que construi.
Quis destruir aquele cenário.
Já não me sentia dona da minha mascara.
Tu a seguravas na tua mão...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

AS PALAVRAS - EUGÉNIO DE ANDRADE

São como um cristal,as palavras.

Algumas, um punhal,um incêndio.

Outras,orvalho apenas.



Secretas vêm, cheias de memória.

Inseguras navegam:barcos ou beijos,as águas estremecem.



Desamparadas, inocentes,leves.

Tecidas são de luz e são a noite.

E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta?


Quem as recolhe, assim,cruéis, desfeitas,nas suas conchas puras?